Baixio das Bestas é um filme de Walter Carvalho, o mesmo diretor do filme “Febre do Rato.” O proposito do Baxio das Bestas era mostrar a realidade da Zona da Mata, Pernambuco, mas falha inevitavelmente desde o primeiro plano.
O filme começa com um poema sobre a usina que permeia o filme, como se esse fosse o verdadeiro problema daquela região. Depois, passa para o plano da Auxiliadora, filha-neta de um verdadeiro monstro, que a coloca nua para ser vista pelos caminhoneiros da região. Mesmo não sabendo a idade precisa da garota, dá pra ver que é claramente uma criança, o diretor, sem nenhum tipo de responsabilidade, mostra seu corpo nu (não estou falando da atriz, que com certeza é maior de idade, mas sim da personagem). É pornificado, um pedófilo com certeza se sentiria bem vendo essa cena, o intuito era chocar, mas na verdade só expôs a menina. Isso poderia ser muito bem resolvido com uma outra iluminação na cena, mas para o diretor, é mais importante manter bonito.
O filme também passa por uma casa de prostituição, onde a cafetina é mulher, reforçando o esteriótipo de que mulheres vendem mulheres. Na casa há três moças, Bela, a prostituta que supostamente adora o que faz, Ceiça, que mal tem falas no filme, é quase um objeto, e Dora que está ali apenas sobrevivendo. A briga entre as mulheres é constante. Bela se mostra muito feliz quando fala pras outras pessoas que Dora apanhou e foi estuprada, inclusive a cena do estupro de Dora é a coisa mais nojenta, gravada com uma câmera de cima, sem a menor proximidade com as personagens, faz parecer que nem é tão grave assim, tornando a coisa muito fácil e bonita de se assistir, uma verdadeira romantização do estupro. Bela é personagem uma bem rasa, é construindo uma verdadeira psicopata em cima de uma moça que todos deveriam tentar zelar. As consequências disso na narrativas são desastrosas, quando Bela é estuprada por três “agroboys”, já vou chegar neles, é quase como se ouvisse uma voz ao fundo dizendo “bem feito.” A construção dessa cena é bem mais responsável, não da pra se ver o que acontece, ouvindo só os gritos dela, o que torna mais difícil e faz você sentir mais aquilo como abuso e não sexo, mas no final do estupro, quando sai da sombra, aparece a bunda da Dira Paes, por que né, não podia faltar… Complicado.
Agora vamos falar sobre o que o filme realmente se trata? Sim, sobre eles, os homens. Só eles falam, juntando os diálogos de todas as mulheres do filme, não da um homem. Reproduzindo clichês e colocando a culpa em apenas nos homens que interessam. Os abusadores são presentados com lindas paisagens, eles mesmos, que deveriam estar no meio da sujeira. São um esteriótipo muito fracos e maniqueístas não mostrando a verdade, que qualquer homem no mundo é um potencial estuprador, ele não precisa ser um babaca vinte quatro horas por dia, inclusive, deve ser alguém que você até mesmo admira.
Fora as cenas que não acrescentam em absolutamente NADA na narrativa da Auxiliadora nua, pra qualquer pedófilo amar, e a jovem sendo estuprada em outra cena romantizada.
No fim, o filme não passa de vingança, o sentimento é o de ficar feliz quando pessoas supostamente ruins se dão mal, minimizando todo o problema da prostituição em apenas acontecimentos cotidianos de um cenário violento no geral. Não dá pra fazer filme sobre prostituição pensando em beleza cinematográfica e prêmios